O DEBATE sempre foi pioneiro no exercício do jornalismo profissional de Santa Cruz do Rio Pardo e região. É verdade que o jornal revolucionou a imprensa a nível micro e macrorregional. Seu projeto ousado e original foi o que lhe garantiu a independência ao longo de mais de 40 anos.
O semanário foi sucessor de um pequeno jornal estudantil que circulou no início da década de 1970 — “O Furinho” —, fundado por Sérgio Fleury Moraes aos 13 anos de idade. “O Furinho” era mimeografado e vendido de casa em casa pelas ruas da cidade, além de distribuído em escolas.
Fundado oficialmente em 1977, o DEBATE combateu o regime militar nos seus primeiros anos de vida e chegou a ser fichado, em 1979, no Ciex (Centro de Informações do Exército) como integrante da chamada “imprensa alternativa”, que resistia ao regime de exceção.
O Tiro de Guerra de Santa Cruz do Rio Pardo chegou a receber documentos oficiais do Exército solicitando várias informações sobre o pequeno semanário que incomodava o regime militar no interior paulista e fazia críticas ao governo municipal, sob domínio da Arena, partido de sustentação dos militares.
A partir de 1979, o DEBATE teve entre seus colaboradores alguns expoentes da política brasileira, como Fernando Henrique Cardoso, Fernando Morais, Flávio Bierrenbach, José Aparecido e outros.
Em 1979, o então sociólogo Fernando Henrique — que foi colaborador do jornal durante 10 anos — foi palestrante em Santa Cruz num evento promovido pelo DEBATE. Naquela ocasião, o então suplente do senador Franco Montoro foi lançado como futuro candidato à presidência da República, fato que se consolidaria nos anos 90, quando FHC deixou de assinar coluna no jornal.
Quando a ditadura ameaçou jogar bombas em bancas de jornais que vendiam jornais da imprensa alternativa, o DEBATE participou, na Assembleia Legislativa de São Paulo, de reuniões do “Comitê pela Liberdade de Imprensa” para discutir a nova ameaça. Integravam o comitê, entre outros, jornais como “Pasquim”, “Versus”, “Movimento”.
O jornal sobreviveu ao regime militar, se engajou na campanha das “diretas já” e se consolidou com o advento da democracia. Resistiu à concorrência de publicações financiadas por partidos políticos e grupos econômicos e, a partir de 1996, circulou durante um período como o único jornal de Santa Cruz do Rio Pardo.
O DEBATE foi pioneiro na adoção de cores em suas páginas e no lançamento de suplementos especiais. Se em 1978 o jornal já ousava lançar um suplemento cultural, na década seguinte houve vários lançamentos, como o “Debate Rural” e suplementos infantis. Em 1995 surgiu o Caderno D, um suplemento destinado a difundir a cultura e o lazer na cidade e região.
O primeiro site do jornal chegou à internet em 2000, quando o DEBATE fez uma parceria com o UOL.
Com um jornalismo historicamente reconhecido, o DEBATE ganhou repercussão nacional entre o fim dos anos 1990 e a primeira década dos anos 2000, quando o diretor Sérgio Fleury Moraes chegou a ir ao programa de Jô Soares para falar sobre polêmicas envolvendo seu veículo de comunicação.
Foi também em Santa Cruz do Rio Pardo que aconteceu o pontapé inicial para que a antiga Lei de Imprensa, herança da ditadura militar, fosse revogada. O fato aconteceu em 2009, e o convidado de honra para entregar o prêmio “Liberdade de Imprensa” em Brasília foi ninguém menos do que o próprio diretor do DEBATE.
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